Bernardo Pinto Coelho a força de viver
entrevista: Cristina Alves
entrevista: Cristina Alves
Poderia ser fácil escrever sobre o Bernardo Pinto Coelho se ele não fosse para mim a mais bela inspiração. Custam a sair as palavras porque foi na doença do Bernardo, infelizmente, no exemplo que nos tem dado diariamente que me agarrei variadíssimas vezes para lutar contra coisas que nada têm de semelhante mas que me ajudou a vencer. A sua luta, o seu negar as estatísticas, o seu sorriso e a alegria de viver que traz espelhada nos olhos mostram-me que também eu sou capaz. Tomemos todo o exemplo do Bernardo Pinto Coelho, de 42 anos que sofre de esclerose lateral amiotrófica (ELA), uma doença degenerativa que atrofia os músculos do corpo.
Mediatizada através do “Ice Bucket Challenge”, no Facebook, a ELA deu-nos a conhecer o nosso entrevistado. Um exemplo de coragem e determinação.
Bernardo, desafias a vida todos os dias?
As mensagens dos meus neurónios chegam ao meu corpo gradualmente de forma mais fraca, por isso é que a maioria das pessoas morre em média entre 2 a 3 anos. As pessoas que estão vivas estão numa cadeira de rodas e eu não devido à mente, alimentação, exercício (não perder massa muscular e músculos não atrofiarem) e suplementação que alimenta as minhas mitocôndrias (eu sou um caso de estudo). Tem tudo a ver com a mente (atitude). Se fosse pessimista e não acreditasse na minha cura, provavelmente não estaria a responder a estas perguntas. Tenho muita Fé, Acredito, sou Resiliente, Disciplinado e Luto diariamente sem Auto-piedade, mas antes com Gratidão e pensamentos Positivos que só atraem coisas boas, daí eu dizer no meu livro “O que eu aprendi com E.L.A.” que Semelhante atrai Semelhante!
És um Homem de Fé mas como todos os Homens também choras, também tens os teus momentos de tristeza. Qual é a técnica para saltar para a felicidade que te deixa ainda mais bonito?
Tenho os meus momentos de profunda tristeza e solidão porque isto é uma doença incapacitante e não faço 1/10 daquilo que fazia antes...mas quando isso acontece, arranjo estratégias de não ter a tal auto-piedade (que não ajuda em rigorosamente nada), penso nas coisas boas que tenho (sou amado) e ponho música alegre para não me deixar ir abaixo ou saio de casa e dou uma volta para ficar com bom astral com bom ambiente à minha volta (ex.º: música de dançar) porque estes momentos são temporários!
E naqueles dias em que acordas e não tens vontade nenhuma de ir á luta? De ir trabalhar para o ginásio?
Penso para mim mesmo: “é nestes dias que não te apetece ir ao ginásio nem ir aos teus tratamentos que exigem espírito de sacrifício que vais fazer a diferença pois todos os Campeões/Vencedores têm este tipo de Atitude”.
Ficaste conhecido pelo movimento dos baldes de água quando partilhaste a tua luta contra a Esclerose Lateral Amiotrófica. Tens a noção do peso que teve esse testemunho na vida dos doentes com E.L.A e em toda a sociedade?
Eu não fazia a mínima ideia do impacto que isso teve ou vinha a ter. Só o meu pai é que estava nervoso porque sabia que a partir desse momento tudo iria mudar.
Melhorar as condições de vida das pessoas com E.L.A e de preferência aumentar os anos de vida desses doentes é o teu maior desejo. Tens algum projecto em mente?
O meu projeto é Ajudar e dar Esperança às pessoas com E.L.A. e outras pessoas que se queixam da vida e que “a doença está na cabeça”. Daí ter criado o filme número 1 – “The Power of Your Mind (Part 1)” - https://vimeo.com/109229740 - pois o meu objectivo é ajudar a nível Mundial com um novo filme “The Power of Your Mind (Part 2)” eu a correr no Guincho e demonstrar que é a mente que comanda o nosso corpo e como diz o Rapper Eminem na música “Loose Yourself”, “You can do anything you set your mind to, men” (podes fazer tudo aquilo que metes na tua cabeça) com a atitude certa!
Assumes que porventura o facto de teres trabalhado desalmadamente e não descansares o suficiente pode ter estado na origem da doença. Que conselho podes dar a quem se diz saudável?
Fui altruísta demais (não quis desiludir os outros e por isso pus os outros à frente de mim). Tinha 10 tonturas por dia durante 1 mês e meio seguido, por isso desrespeitei o meu corpo e “a vida trata-nos como nós nos tratamos” e eu tratei-me mal, daí eu ter criado a doença devido à acumulação de enorme stress/ansiedade e desilusões acumuladas pois não consegui nunca estabilidade emocional nem profissional. O que eu aconselho é que as pessoas sejam felizes e façam aquilo que gostam – daí eu ter decidido que ia ser DJ – e seguirem as suas convicções em vez das dos outros. Também devem ter amor-próprio (o que me safou a vida toda com todos os problemas que me surgiram) e descansar é fundamental para as células estarem preparadas para enfrentar o dia-a-dia com força!
Já tens o livro … para quando a árvore? E o filho?
Quero que isso aconteça só depois da minha cura. Mas também aprendi que as coisas não acontecem quando nós queremos, mas sim quando Deus Quiser!
É como o Bernardo diz: “Se fosse pessimista e não acreditasse na minha cura, provavelmente não estaria a responder a estas perguntas.”
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