Um bom café da manhã,
Com Joana Cruz
Com Joana Cruz
Desde as
6:00 e até às 9:30 uma das vozes mais conhecidas da Rádio Portuguesa, voa em
todas as direções. No carro, em casa ou no escritório a Joana Cruz lá está com
o seu bom humor.
Joana, como é possível de manhã tão cedo deixar os
portugueses tão bem dispostos? De onde vem o teu bom humor?
O segredo é muito simples. É gostar e respirar-se o que se
faz. Sou bem-disposta por natureza e acordo sempre com bom humor, não sou
daquelas pessoas que precisam de um café ou de algumas horas até funcionar. É
muito automático e ainda bem, porque de outra forma este horário na RFM das 6
às 9.30 ia ser mil vezes mais doloroso!
Já há uns anos que a tua “voz voa” por terras lusas e não
só. Era isto que sonhavas quando terminaste o curso?
Era. Sempre soube quando escolhi o curso de comunicação
social da universidade Católica que era um percurso na rádio ou na tv que
queria seguir. A vida deu-me a felicidade de poder fazê-lo. Começo em 1998 a
abrir a MEGA HITS (na altura MEGA FM) e ainda ía para o terceiro ano da
faculdade.
Tens na família o teu maior suporte. Há um casal, que está
sempre lá para quase tudo. Sentes-te um ser humano abençoado?
Sem dúvida. Os meus pais são os meus melhores amigos. Tenho
muita sorte na família onde escolhi nascer.
As tuas preocupações com o Estado da Nação não serão muito
diferentes da maioria dos portugueses. O facto de serem precisos 70 anos para
alcançar igualdade salarial entre homens e mulheres faz-te franzir o sobrolho?
Um bocadinho grande! É assustador que seja preciso trabalhar
uma vida inteira para se poder relaxar tão tarde. Tudo certo que a esperança de
vida está muito mais alargada mas a genica (pelo menos física) nunca será a
mesma que aos 50 e tal anos ou 60.
Com os teus horários na RFM ainda resta tempo de qualidade
para estar com os amigos?
Sim, aproveito os fins-de-semana ou as tardes em que não estou
a dormir uma boa sesta, meio obrigatória para poder funcionar a partir de certa
hora.
Viajar é o que te deixa mais feliz quando estás de férias?
Sim, adoro viajar e não gosto só de turismo de praia ao
jeito do resort. Gosto de me misturar com a cultura local e perceber um pouco
mais do país onde estou além do que é óbvio à paisagem.
O teu gosto pelas motos surge quando? Não é muito comum as
mulheres gostarem de acelerar em duas rodas. Se pudesses esse era o teu meio de
transporte quando vais trabalhar?
A mota que tive surgiu meio por capricho tardio. Apeteceu-me
ter uma mota e tudo correu bem durante 3 anos sem uma queda que fosse. Quando
caí em agosto de 2014 acabou-se logo ali a brincadeira. Parti o pé e fiquei com
receio de voltar a acontecer. Estamos mais expostos ao perigo e diziam-me que
só havia dois tipos de motards. Os que já caíram ou iam cair. Eu preferi sair
do grupo mas andar de mota é, de facto, ótimo. Só não me apeteceu mais. Assim
sendo, continuo a usar o carro para vir para a rádio. Usei durante anos o metro
e adoro andar de transportes públicos, mas às 5.30 da manhã não tenho como
chegar a horas.
À Leoa eu pergunto se é a instituição Sporting Clube de
Portugal que a fascina ou jogar à bola faz parte dos desportos favoritos?
O SCP fascina-me por toda a aura que carrega, todos os
títulos alcançados e até os que ficaram por conseguir. Não me faz jogar à bola,
mas fez-me em tempos pensar jogar volley nesse grande clube. Ia ser um pouco
exigente para conciliar com a escola e, por isso, não aconteceu. Mas ainda hoje
acredito que seja uma modalidade que possa voltar ao clube, já que deixou de
haver há uns anos.
Joana, nunca descuras uma causa social. Há no entanto entre
elas, uma porque sempre lutaste, a dos animais. Esta é uma relação de amor
incondicional?
Amor incondicional e das poucas coisas que me comove em
menos de 3 segundos. São pessoas para mim, os bichos. E estarei sempre pronta
para os defender e dar voz por eles, que só nos dão amor e não pedem nada em
troca.
Como diz, Joana Cruz: “A vida é mesmo assim, cada um vê o
que quer, o ar é de todos.” Que nesse ar, que é de todos, seja possível ouvir a nossa
convidada por muitos, imenso anos.
NOTA - Guardo com carinho um email da Joana como resposta a uma
preocupação minha. Em 2005 tornei-me animadora numa rádio local. Nunca tinha
feito nada do género apesar de sempre ter trabalhado em rádio. Sempre admirei
esta profissional e por isso atrevi-me a pedir-lhe ajuda ao que ela respondeu:
“Cara colega, descobriste o segredo. Seres naturalmente tu própria.”
Por: Cristina Alves
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