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Música

                                              Mauro Ramos




                                     o SPECIAL ONE da bateria

                                        Por: Andreia Carneiro











Nasceste em 1981, já és baterista profissional há 20 anos... bem feitas as contas resta muito pouco para teres brincado com outras coisas. Nasceste e ofereceram-te logo uma bateria (risos)?

Na verdade toco profissionalmente, há 20 anos, mas desde os meus 5/6anos que toco bateria, nessa altura já tocava uma ou duas músicas no conjunto dos meus pais. Aos 10 anos fiquei como baterista do conjunto e por volta dos meus 15/16 anos comecei a tocar com artistas e vim parar a hoje...tive sempre tempo pra brincar, embora, tenha tido alguns momentos em que queria brincar mas o meu irmão obrigava-me a ensaiar (risos).
Mas não foi por isso que deixei de ser uma criança feliz...


No teu CV contam-se mais de 100 participações em discos, cerca de uma centena e meia, em média, de espetáculos por ano. Uff
Conta-nos como é a tua relação com a estrada e o prazer de trabalhar com nomes tao importantes como Ricky Martin, Rita Guerra e Amor Electro, para citar alguns... pois a lista já vai muito extensa....


Tudo o que eu fiz e fui fazendo,  no fundo mostra-me o sítio onde estou... e o meu currículo é aí que me leva, às experiências vividas e acumuladas, às coisas bem feitas, ás menos bem feitas e no fundo faz-me crer que devo ter feito alguma coisa de bem pra ter conseguido atingir os meus objetivos em termos profissionais. Sei que me fui superando sempre, pois foi a isso que me propus e acima de tudo ter feito vida da bateria... No fundo, passados todos estes anos, ao contrário do que se possa pensar, torna-se cada vez mais difícil estar na estrada, sentimos cada vez mais falta dos nossos, do nosso espaço e se há alguns anos tocar com grandes nomes era um sonho, hoje, em dia, pode não ser sinónimo de satisfação pessoal...  Dei por mim, muitas vezes, a concluir que os projetos que mais me deram musicalmente, normalmente, foram os que pouca ou nenhuma exposição tiveram...mas aí também o teu currículo faz diferença.
Com o correr dos anos podes ser seletivo, e hoje, em dia para além do artista, pra mim fazem sentido as pessoas e tenho a sorte de, atualmente, ter vários projetos, onde me realizo musicalmente e estou com amigos, Tais como: Xpto (Pablo banazol, Miguel Mascarenhas e Cesar Mendes) com quem toco há 15 anos, os 69 graus (Mário Nunes e Ricardo Dikk) que são dois músicos que conheço há mais de 20 anos e os Amor Electro que, mesmo sendo músico contratado, fui recebido como sendo parte da família e quando assim é torna-se mais fácil andar na estrada e superar a distância de casa. Pois no fundo estamos entre amigos e tendo isso, tocar acaba por tornar-se o mais fácil (risos).







                                       




Vários foram os programas de Televisão, onde, ao vivo, e, em direto, mostras o teu grande talento. Fazer parte do Ídolos, por exemplo torna-te mais exposto ao publico. Isso é uma preocupação para ti?
O Ídolos é de facto mediático, e embora sinta alguns diferença e seria hipócrita se não o admitisse, não sinto que seja relevante e nem tão pouco me considero uma figura pública...e a verdade é que sempre andei em projetos com mediatismo e a diferença não é relevante...e acho que as pessoas que reparam na banda dos Ídolos acabam por ser pessoas ligadas de alguma forma há música, porque todo o resto está focado ou nos jurados ou nos concorrentes, como tal não me preocupa esse tipo de exposição. Continuo a passar na rua e ninguém me conhece e confesso que me custaria lidar com o contrário, continuo a ser o mesmo miúdo quando me sento na bateria, e o que quero é ser feliz, divertir-me e se conseguir proporcionar o mesmo a alguém perfeito (risos).



A tua versatilidade leva-te a trabalhar também em musicais de La feria, gostas da possibilidade de te colocares à prova, em registos muitos diferentes?
O que sempre me alimentou como músico foi poder pôr-me á prova, e, permitir que me pusessem á prova...obviamente que há estilos em que somos menos fortes, mas isso é como alguém que fale muitas línguas, há sempre uma ou outra em que sabemos o básico, "boa tarde", "boa noite", "olá" e para a saber realmente,  teríamos que passar só a usar essa língua com esses costumes... Na música um grande exemplo é o jazz, pra o tocares "á seria" tens que te dedicar, verdadeiramente, a isso, perceber a raiz, vive-lo diariamente, e esse pra mim é um estilo que posso dizer "um bom dia e um boa tarde" e até o digo, simpaticamente, mas não escrevo um livro... (risos)



São vários os músicos que te mencionam como o grande baterista, português, da atualidade. Como encaras o elogio?

Fico feliz lisonjeado, pesa sempre um pouco a responsabilidade mas mantenho-me fiel a mim e ao que acredito. E, sabendo, no fundo que a identificação de alguém com o nosso trabalho não faz de nós, nem melhor, nem pior que ninguém, apenas dignos... até porque conheço grandes bateristas neste nosso país que aprecio muito que sei não ser melhor, apenas diferente...e posso enumerar alguns casos(Carlos Miguel, Vicky Marques, Alexandre Frazão, Ivo Costa, André Silva, Miguel Casais, Rui Reis e estava aqui o resto do dia (risos).

Vens de uma família ligada à musica, e tens no teu irmão Menito Ramos uma forte cumplicidade pessoal e profissional. Há um vídeo que mostra um dueto, na minha opinião fantástico, onde deixas que oiçamos a tua voz (que me deixou agradavelmente surpreendida) para alem de conseguires coordenar vários instrumentos! Para quando um cd a solo?
Ui, um álbum a solo...tenho uma grande crise interior com isso.. por norma o que escrevo vem do meu lado mais sombrio, é quase como existirem duas personalidades musicais em mim, e sendo que o Mauro ramos Baterista, está instituído, não quero misturar as coisas...(risos).

O vídeo com o meu irmão começou por uma brincadeira e acabei por deixar ficar a voz porque tinha feito a música... E, porque, me levou, um pouco, àquilo que foi no início do que eu sou hoje... eu e o meu irmão, sempre juntos, e, ele a puxar por mim.
O que me deixa feliz é que mesmo estando, ele, na vida dele e eu na minha, estamos, constantemente, presentes na vida um de outro e sendo eu alguém que não diz nunca, digo que há coisas que são pra sempre...
Dás aulas de bateria, vês mais paixão ou mais empenho por parte dos teus alunos. Quando lhes mostras algo, na bateria o que te dizem?
Tenho tido, cada vez, menos tempo pra dar aulas o que por um lado me entristece, sendo que é bom sinal porque o que mais gosto é de tocar e dar concertos. No entanto, já tive várias reações, umas de motivação, e outras de se voltas a fazer isso eu não venho mais ás aulas e desisto (gargalhada). Mas, sempre na brincadeira... tento criar uma relação pessoal, nas aulas, mantendo o respeito mas deixando abertura pra rirmos e sermos felizes, enquanto partilhamos o mesmo privilégio...
Como tem sido correr o País este Verão com uma banda fantástica, os "Amor electro" e também com o projeto XPTO que tu tanto aprecias, e ainda os 69 graus?
Cansativo, mas muito recompensador... o carinho das pessoas, a expectativa que alimentam acaba por nos alimentar também, e, estando o verão perto do fim, acho que chegamos com sensação de dever cumprido...que todos os verões possam ser assim...
Com quem gostarias de partilhar o palco, a nível internacional?
Fink, Radiohead, John Scofield, Sting, Paul Mccartney, David Guilmour, Djavan, João Bosco, a lista não parava;))

O que imaginas que será a tua vida daqui a vinte anos?

A minha vida daqui a vinte anos??? que as pessoas que amo continuem a meu lado, de saúde e se possível que ainda tenha força pra tocar bateria e que a música se mantenha presente na minha vida como até hoje...







 
 

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