Avançar para o conteúdo principal
Entrevista




Telmo Pires 
O Fado que ele é..... o coração que ele tem







Por: Andreia Carneiro 

Gosto de conhecer pessoas que falam com o coração,  Telmo Pires é exatamente isso.
 Ser fado, é o novo trabalho discográfico deste fadista português que cedo ganhou na Alemanha um grande público.  Mais do que cantor, escreve, representa e transporta para o palco uma essência única.  Conheça melhor o homem que entre Lisboa e Berlim encontrou o caminho da felicidade.



Sei que ouvias, duas das grandes referências do nosso Fado, desde muito jovem. Carlos do Carmo e a grande Amália, por influencia dos teus pais.
O que começou a ser para ti, um acorde de viola, outro de guitarra, e uma voz que canta a saudade?
A voz de Amália e de Carlos do Carmo e o som do Fado tornaram-se para mim o simbolo de Portugal, o simbolo dum lar que sempre procurei. Quando os ouvia, através de discos dos meus pais ou na radio, sentia uma ligaçao emocional imediata. Coisa que nem hoje consigo descrever. Foram duas vozes que me abriram o mundo desde miúdo e ficaram tatuadas na minha alma para sempre.

Vives, hoje, do Fado, e para o FADO; Este era mesmo o que querias que o destino te tivesse traçado?
Era isto mesmo e sempre o há-de ser.  




E estares sempre com um pé em Lisboa e outro em Berlim, para além de alargares os teus horizontes, consegues ter duas cidades maravilhosas para viver.. é importante para ti, não viveres longe de Portugal?
Houve tempos em que me sentia dividido entre Portugal e a Alemanha. Vinha a Portugal só de férias, até que decidi terminar essa "vida de emigrante" e fiquei em Lisboa... isso nos finais de 2010. Hoje, visto de alguma distância, estou grato e acho um grande privilégio ter tido a possibilidade de crescer com os dois lados. Além de me sentir em casa nos dois países, de falar fluente as duas linguas, a minha situaçao ajudou-me a ter um ponto de vista mais objectivo.  E sim, é muito importante nao viver longe de Portugal... tao importante que agora passo a maior parte do meu tempo em Lisboa. 

A tua forma de estar na música, mais propriamente no fado, não é igual a ninguém. Um estilo muito próprio que se denota a cada tema. Era para ti uma preocupação, não seres, apenas, mais um? os teus estudos na área da representação também te ajudar a construir algo novo, para o teu publico?
Eu tento de fazer sempre o que eu sinto, com todo o amor e dedicaçao. É a minha unica preocupaçao. Isso já nos torna únicos. Niguém é como o outro. É a nossa história que faz de nós o que somos e aí sim, a minha é diferente dos fadistas cá em Portugal. Eu nao cresci a ouvir fado regularmente. Nao cresci perto de musicos portugueses, casas de fado, concertos de fado, programas de televisao ligados a fado. Nada, mesmo nada disso. 
Comecei a cantar em bandas de rock. Fiz teatro, representei, até fiz uma curta metragem para cinema. Iniciei a minha carreira a solo depois com 23 anos, acompanhado por um pianista. Com temas em alemao, francês, inglês e sempre português. Foi essa a minha "escola". E sendo assim, pode ser que tenha uma maneira de estar muito própria. Na vida e no palco.

Escreves também algumas letras, para depois dares vida com a tua própria  voz. Quem são os poetas ou escritores que tu gostas?
Sim, no ultimo album "FADO PROMESSA" escrevi 8 dos 10 poemas gravados. No novo "SER FADO" contribuí com 4. Gosto de muitos poetas portugueses que contribuiram poemas para Fado. Dos tradicionais aos modernos. Adoro Fernando Pessoa e uma grande artista que escreveu belíssimos poemas para fado: Amália. A letra "Estranha forma de vida" cantada no 'Fado bailado' de Alfredo Marceneiro tem para mim toda a essência do fado.

Neste álbum que, em breve, estará no mercado contas com nomes importantes da musica. Quiseste rodear-te dos melhores...?
Agradeço muito ao meu produtor Davide Zaccaria com quem gravei os dois álbuns cá em Portugal. Eu cheguei da Alemanha sem conhecer ninguém. Foi ele que ia convidando e apresentando musicos. Foi tudo um desenvolvimento natural, uma evoluçao. Nunca forçámos nada. Mas sim, eles todos sao excelentes!!!!!! ;-)

Para Março já há um espetáculo previsto para uma sala, na Alemanha, o que preparas para este momento que imagino seja mais um marco importante na tua vida?   
Dia 12 de Março vai ser a apresentaçao do álbum em Berlim. Mas também vou escolher alguns temas próprios do ultimo disco "Fado Promessa" que o publico que me conhece vai querer ouvir. 
Para mim um álbum é sempre um retrato, neste caso nao do físico, mas da alma. Espelha o estado em que me encontrava durante o tempo das gravaçoes... através dos temas que escolhi, dos poemas que escolhi e escrevi. Tudo tem a sua razao de ser. E o Telmo de hoje pode já nao ser o mesmo do ano passado... a interpretaçao pode mudar, pode evoluir. Nunca se canta um fado duas vezes identicamente. Há também temas que gravei e ainda nao cantei em concerto. Vai ser entao também um processo de "redescobrir"... juntamente com os meus musicos e meu publico.

Porque devemos conhecer o teu novo álbum, ao pormenor?
"SER FADO" é o resultado dos ultimos anos que passei em Lisboa. Das influências, de tudo que passou por mim, das pessoas que conheci, é a 'minha' maneira de ver, de sentir, de viver e de SER fado. E teria todo o gosto de conseguir transportar tudo isto a um publico que, talvés sinta duma forma parecida ;-)


Comentários

Mensagens populares deste blogue

Rádio Manuela Cardoso:   Não escolhi a Rádio, ela é que me escolheu!                                                                                                       Jornalista: Andreia Carneiro         Manuela Cardoso, uma eterna menina da rádio. De Lamego para o Mundo, um coração que bate a cada palavra que envia para o seu auditório. Descubra-a nesta conversa de amigas... Vai valer a pena!          Uma menina da rádio, eternamente, apaixonada pela profissão. Concordas comigo? Menina da rádio, faz-me lembrar um filme português bem antigo... Sim, mesmo que quisesse disfarçar não conseguia. Eternamente apaixonada, 100% apaixonada pela rádio. Para mim: " Fazer rádio é um eterno vício para quem verdadeiramente nasceu radialista!" como escreveu Mettran Senna  Onde e quando teve inicio esta paixão?  É mesmo uma paixão (  ) e que começou bastante cedo. Era ainda bastante pequenita, andaria para aí na escola primária e como o meu pai( J
Desporto na Rádio Pedro Ferreira   A Paixão pela rádio                                                                                       por: Andreia Carneiro  Há anos que a voz de Pedro Ferreira se ouve na Antena 1, em reportagens de desporto e em relatos de futebol. Mas, quis a vida profissional que a  mais bonita conversa, até aos dias de hoje, tenha sido  com Miguel Torga. Todos os passos na rádio foram contados por si, num regresso de Kiev.     Conta-me como nasceu a tua paixão pela rádio?   A minha paixão é mesmo a rádio. Foi praticamente a minha casa desde o dia em que nasci. O meu pai começou a trabalhar aos 16 anos na Emissora Nacional, foi jornalista durante mais de 40 anos, e eu desde muito cedo frequentei a rádio, observava tudo o que se passava e deixei-me apaixonar pelo fascinio, quase secreto, da rádio. As pessoas eram apenas um nome e uma voz.       Tinhas outra profissão, em mente, ou jornalismo foi sempre o teu maior interes
Dança            Vadim Potapov                                       "sou vosso por completo"                                                                               por: Andreia Carneiro Como e quando surgiu o teu gosto pela dança, fazes ideia?   O meu gosto pela dança foi pela iniciativa da minha mãe. Na Rússia, ela inscreveu-me nas danças de salão, com 6 anos de idade, onde eu pratiquei até aos meus 10. E por pena minha tive que deixar a dança porque tínhamos mudado da cidade. Passado três anos viemos para o Portugal. E passado um ano, após estar cá, a minha mãe mais uma vez decidiu-me colocar de novo aprender dança. Obrigado Mãe! Porque, agora, sei que é, realmente,  minha verdadeira paixão!           Sendo um bailarino de danças de salão, qual o teu estilo de dança preferido?   Ui isso é uma pergunta difícil, porque gosto de dançar vários estilos. Mas penso que, o que gosto de repetir, várias vezes, talvez seja o samba e