Ana Mesquita
"FRIDA MIRANDA",
Um olhar de irreverência,
num abraço de Paixão e Arte
por: Andreia Carneiro
O museu Nacional de História Natural, tem no seu interior o calor de um coração português, que o Brasil adoptou e os EUA admiraram e um grito mexicano, único no Mundo.
"FRIDA MIRANDA é o nome da exposicão que a tão nossa Ana Mesquita, criou. Cada traço, cada tom e cor, o resultado da inspiração, estão incrivelmente juntos pelo seu olhar e, desde de 8 Março têm sido muitos os que visitam esta mostra, que de forma transversal tem agradado o público. Afinal não há idade certa para admirar um quadro... NEM AS MULHERES QUE MARCAM A ARTE E A VIDA!
FRIDA KAHLO E CARMEN MIRANDA foram e continuam a ser incríveis, apesar de muito diferentes, e, a artísta plástica, juntou-as pela primeira vez.
Um atitude arrojada que nos levou a esta conversa.
Como começou este processo criativo sobre estas duas mulheres: Frida e Carmen?
Começou desde que me formei em Design de Moda, há 25 anos. Estas duas mulheres foram designers, de si mesmas. Eu formei-me em Design de Moda porque desde criança que desenhava a minha roupa e a mandava fazer a modistas. Depois foram dois seres profundamente iluminados, a quem ninguém ficou indiferente durante a vida e agora, quase um século depois da partida, se mantêm vivas através do exotismo do seu legado na pintura e na música. Eram ambas tropicais.
Eu nasci em África. Identifico-me com o colorido delas. E também me interessa o modo como foram dois seres políticos: uma pela associação ao Partido Comunista, no México, e a outra como diplomata entre o Brasil e os Estados Unidos. São inúmeras as razões que a atraem a Carmen e a Frida que foram exatamente contemporâneas uma da outra. Morreram com um ano de diferença e só não se cruzaram, em vida, por mero acaso, porque ambas viveram nos EUA.
Juntei-as para que o Sol de uma compense a Lua da outra e vice-versa. Sinto que isso consegui.
Como definiria esta sua exposiçao "Frida Miranda"... imagens fortes, não tão evidentes à partida... com cor e vida!
A exposição é a exaltação de todas as caraterísticas de ambas, sem que qualquer das duas se sobreponha à outra, mas que em vez disso se equilibrem. Não se observa um sinal do cliché: não há uma flor evidente, das grinaldas de Frida, ou as frutas dos turbantes de Carmen. No entanto tudo da intimidade de cada uma está lá refletido, criando um novo espaço de tempo onde se encontram aos meus olhos, dançam e pousam para mim e mais uma vez se imortalizam.
A escolha do dia 8 de Março, para a inauguração, foi propositado?
Acabou por ser. A Sofia
Marçal, curadora de arte do Museu Nacional de História Natural, fez-me este
convite, no ano passado. Eu levei algum tempo a decidir a data, até porque o
trabalho "Frida Miranda" estava, ainda, em desenvolvimento. O oficio do desenho é a
técnica, mas o drama deste trabalho é uma história de amor, muito meu, por estas duas
enormes mulheres que levou tempo a ganhar forma e amadurecer.
Passei alguns dias a
desenhar no Jardim Botânico - contiguo ao museu. No video que passa no ecrã que
se encontra no anfiteatro, há desenhos dessas tardes passadas no jardim. E
depois comecei a imaginar que ambas se encontravam nos dias de hoje e o que
fariam. A seguir decidiu-se a melhor data, e nenhuma se nos afigurou tão
adequada como o Dia Internacional da Mulher, por todos os motivos evidentes: as
musas inspiradoras são duas mais proeminentes figuras femininas da arte na
primeira metade do século XX.
Pintas desde criança, mas
somente há alguns anos deixaste este teu lado ganhar o seu espaço. Porquê?
Formei-me me Design de
Moda. Durante muitos anos vivi de pintar fechares de seda para a marca Nuno
Morgado, que tinha uma loja na avenida da Boavista. Foi o meu argent-de-poche
enquanto estudei, no Porto. Ainda fiz duas exposições. Mas em 1993 comecei e
escrever para o Expresso, e foram quase vinte anos dedicados a todas as formas
de jornalismo: escrito, na rádio e na televisão. Há seis anos, depois da longa
recuperação de um ombro partido, recomecei a desenhar num tablet porque me era
fácil levar o suporte de desenho para todo o lado. Dai a expor foi um rastilho.
Fiz exposições individuais, dentro e fora de Portugal (Paris) e participai em
oito coletivas. A arte tomou inteira e intensamente conta dos meus dias.
Se a Carmen Miranda entrasse sem o seu salto alto e sem aquela imagem que a conhecemos na sua exposiçao. O que acha que ela diria de si mesma?
A Carmen Miranda inventou os sapatos compensados como nós ainda hoje os usamos. Aliás nisso, ambas foram designers de si mesmas. Carmen Miranda nunca entraria sem ser de salto alto fosse onde fosse. Como eu a compreendo! Era essa a sua silhueta. No entanto, os saltos também eram um cliché e por isso não os explorei.
E que quadro oferecia a Frida para colocar nas suas paredes da casa azul?
Certamente o "It Takes Two". Simboliza a dobra do tango. É a lição das grandes relações: uma vez dobras tu, da próximo dobro eu.
Mas, sei que ela aceitaria qualquer um deles.
Estas são obras dignas de viajar pelo mundo... ao concebê-las, pensou nisso mesmo?
É imperativo que viagem, o mais possível. A arte tem de ser vista de perto, e não apenas nas notícias dos jornais, televisões e blogs. A arte plástica tem de poder fruir-se de perto e viver mais nas casas de cada um de nós. Tem de se tornar-se mais tangível, como o são as outras artes.
Quanto tempo Ana Mesquita foi preciso para colocar todas estas obras na fase que estao hoje, prontas para serem admiravelmente "tomadas" pelo público?
Da ideia à concretização foram dois anos de intensa pesquisa, desenho, duvidas, progressos e recuos. A arte requer tempo de maturação e de paixão. Só assim é possível criar drama, emoção.
Pintas desde criança, mas somente há alguns anos deixaste este teu lado ganhar o seu espaço. Porquê?
Formei-me me Design de Moda. Durante muitos anos vivi de pintar fechares de seda para a marca Nuno Morgado, que tinha uma loja na avenida da Boavista. Foi o meu argent-de-poche enquanto estudei, no Porto. Ainda fiz duas exposições. Mas em 1993 comecei e escrever para o Expresso, e foram quase vinte anos dedicados a todas as formas de jornalismo: escrito, na rádio e na televisão. Há seis anos, depois da longa recuperação de um ombro partido, recomecei a desenhar num tablet porque me era fácil levar o suporte de desenho para todo o lado. Dai a expor foi um rastilho. Fiz exposições individuais, dentro e fora de Portugal (Paris) e participai em oito coletivas. A arte tomou inteira e intensamente conta dos meus dias.
Uma exposiçao que pode ser visitada dos 8 aos 80, certo?
Deve. E pode ter a certeza de que os meninos de 8 anos se fascinam com esta técnica de desenho. Largam os pais para virem ver-me desenhar e fazem inúmeras perguntas. Nesse fascínio deles eu percebo que estou a viver um presente com tudo de futuro.
Onde podem as pessoas ver o
teu trabalho fora deste contexto de exposição e onde te podem contactar para o
caso de quererem comprar?
Estou muito acessível nas
redes como o Facebook e o Instagram. Nunca deixo ninguém sem resposta. E sim,
todas as obras estão à venda, mesmo as que não estão expostas, mas que estão em
video, são passíveis de ser impressas. É uma das grandes vantagens da arte
digital.
Maia uma vez Vozquevoa dá-nos a conhecer artistas espetaculares pela inovação. Uma forma muito bonita de apresentar ao público (quem ainda não conhecer), tantos talentos de portugueses/as merecedoras desse nome.
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