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As águas dos Rios do FADO,
que a Joana faz mover...








por: Andreia Carneiro


Joana, fado de cada um... Este era inevitavelmente o seu…?!!!

Efectivamente a palavra “inevitável” é a palavra certa. Ao olhar, retrospectivamente, para o meu percurso percebo que este é único e que não poderia ter sido de outra forma, mas esta é uma inevitabilidade com a qual todos nós nos identificamos. A vida é feita de vários percursos, todos diferentes e isso é que constrói a identidade e o “fado de cada um”.


Uma voz que nos dá o mundo, assim que se faz entoar, o que mais nos poderá oferecer neste novo caminho, do nosso fado?
Neste momento, este é um caminho de sentido único, já que a minha ambição é ser cada vez melhor fadista. Cantar fado é algo que me preenche artisticamente e que me traz uma felicidade tremenda. O objectivo mais imediato é levar o “Fado de cada um” a todos mas já estou a pensar no próximo disco!


O processo foi demorado na execução deste trabalho, a Joana queria que os rios convergissem a seu favor, sem pressas nem inquietações?

O processo teve o seu tempo certo, quis desde logo que os poemas fossem escolhidos com cuidado e com carinho e que reflectissem a minha história. Demorei o tempo necessário a escolher e experimentar o repertório, esse era um aspecto fundamental para mim, gosto de amadurecer ideias e sentir que o tempo certo das coisas se revela de forma natural. No entanto, a inquietação é algo inerente ao espírito artístico, está constantemente presente nas minhas escolhas e penso que é esse sentimento que me vai empurrando para a descoberta de coisas novas.


Os poetas que canta neste trabalho, os músicos... Foram eles que a escolheram, ou,foi a Joana que os escolheu, pelo acaso da vida?
Foi um pouco das duas… Quando o José Luís Gordo que é um dos maiores poetas de fado me ofereceu o livro de poesia dele e me disse que poderia gravar o que quisesse, foi obviamente ele quem me escolheu, por exemplo. Mas também houve situações em que fui eu que escolhi os poemas ou que estes resultaram de um processo de proximidade com os seus autores e de um trabalho directo sobre os poemas com os próprios autores. O mais difícil foi ter de deixar poemas excelentes de fora deste primeiro disco, espero que num próximo consiga recuperar esse material que não pôde entrar neste alinhamento. Em relação aos músicos, acho que foi uma escolha recíproca e generosa e que foi essencial para o resultado final que é o espelho da grande cumplicidade  que se viveu em estúdio.


Cantar fado é mostrar a alma!!! Está pronta para mostrar-se ao mundo com maturidade e elegância que para mim são as maiores gratificações de uma mulher que tanto se deu ao jazz?

Acredito que andei toda a minha vida a preparar-me para este momento, é esse o grande sentido que encontro no meu percurso. Para mim o fado é um género que exige tudo por parte de quem o interpreta e essa capacidade de entrega, para mim, é algo que vem com uma certa maturidade. Para mim seria muito difícil há uns anos ter a coragem e a segurança de me expor a cantar da forma como faço a cantar fado.


Quando e onde podemos vê-la e ouvi-la, cantar, este novo trabalho?
Neste momento estamos numa fase muito intensa de promoção nos canais habituais, televisão, rádio, imprensa, pontuada por concertos de apresentação do disco e este momento irá prolongar-se até ao último trimestre do ano. Já estamos a marcar concertos na agenda de 2017 mas até ao final do ano pretendo concentrar-me em divulgar o mais possível este trabalho. No imediato, teremos na próxima semana, dia 23 a apresentação oficial do disco no Museu do Fado.


 A música é parte do mundo, mesmo, cantando em Português. Gostaria de pisar palcos do mundo... interpretando, na língua de camões... Acompanhada agora à viola e guitarra?
O nosso objectivo é levar o nosso disco a todos os palcos, naturalmente que, até pelo facto do disco estar a ser distribuído internacionalmente, pretendemos no próximo ano fazer concertos além fronteiras.


A quem gostaria de agradecer, este novo caminho, Joana Rios?
Há uma pessoa que foi absolutamente determinante neste novo caminho que foi o grande mestre da guitarra portuguesa António Parreira. Serei eternamente grata pelo facto do mestre Parreira ter insistido comigo para que cantasse fado e acreditasse que havia em mim uma alma de fadista.


E que diz a si própria, neste momento especial? E aos que gostam de a ouvir?
Digo aos outros o mesmo que digo a mim própria: sinto que estou em casa, que encontrei o meu lugar; nesse lugar estou em paz e sinto-me plenamente realizada artisticamente. Espero que quem já me gostava de ouvir possa partilhar comigo este momento e o possa apreciar tanto quanto eu.

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