Entrevista
Grita que é goooooolo,
Fernando Eurico!
Por: Andreia Carneiro
Um menino, de nome Fernando, nasceu há alguns anos, na cidade de Peso da Régua! Cresce e descobre que o seu grande herói guardava as redes de uma baliza, no clube da terra.... e com que classe!
Alguma vez quiseste ser como o teu pai?
Quis ser muito como o meu pai. Uma das imagens que guardo, para sempre, foi na despedida dele num SC Régua- SC Vila Real. Eu com 5 anos todo equipado à guarda redes, como se ali estivesse a sucessão. Mas, poucos anos depois percebi, que não prestava para nada na bola e preferi os estudos.
Na nossa pequena cidade, mais precisamente, no parque, tão perto do nosso bairro... Tu e muitos outros miúdos jogavam à bola. Grandes momentos que marcaram a vossa vida.
Ainda te lembras de alguns nomes com quem jogavas, naquela altura?
Rui Ferreira, Faustino, Camilo, Miguel, Toni, Chalana, Eduardo, João, Arnaldo, Zé João,Sr. Carlos, Ricardo Montezinho, Santiago, Abilio Rualde, Nelo, Quinzinho, Zé Alexandre, Jorge...
O futebol estava na tua vida, mas foi na rádio que começaste a sonhar! Todos ainda recordam as tuas pequenas histórias contadas em reportagem. Incluindo, a de uma senhora que celebrava os seus 100 anos. Nunca mais ninguém se esqueceu deste teu trabalho, recorda-nos!
Foi um trabalho de reportagem que não se ouvia muito, porque a aniversariante para lá da marca dos 100 anos era um espectáculo. Falava ainda bem e tinha histórias deliciosas para contar... Como quando costurou para alguém próximo da última familia real.
Mas, adorei passar um final de ano no hospital de Lamego para ver um nascimento e passar dias a fio não pelo acontecimento mas porque o País precisava de saber o que se passava com as cheias do Douro.
Na nossa cidade, na nossa terra, no nosso Bairro as crianças são educadas com princípios, o que trazes ainda desses tempos contigo. Da educação de um pai herói e de uma mãe guerreira? Eu saberia dizê-lo..
Sim o Bairro do Socorro é um pouco o espelho das comunidades pequenas onde ainda existem valores e alguma proximidade entre as pessoas mas, também existe o lado inverso da inveja fácil e da intriga. Mas, entre tudo... esse Bairro, o nosso Bairro morará cá dentro para sempre porque aí fui muito feliz , onde convivi , pouco, mas convivi com o meu pai e descobri a fantástica Senhora que foi a minha mãe !
Rádio Alto Douro foi o local onde descobriste a tua grande e verdadeira Paixão?
RAD. Deu-me oportunidade e fez atear em mim algo que já cá morava porque sempre adorei rádio mas não sabia o fogo que, ainda agora, não pára de brotar. Devo-o ao António Manuel que me convidou para ajudar num programa sobre Natureza...o Terra Mãe e ao Augusto Macedo que rapidamente percebeu que tinha condições para me profissionalizar e apostou.
Como dás o salto para a RDP, Antena 1?
Dois anos e pouco depois de ter começado tive que fazer um pedaço de relato do SC Vila Real - FC Porto da Taça de Portugal. O Oscar Coelho ouviu, gostou e um dia disse-me se não gostava de dar o salto. Nessa altura estava recém casado, a conjuge também era radialista e tudo se conjugou... Ela foi para a Rádio Nova e eu para a Antena 1.
Ficava à minha porta enquanto miúda, a ver-te passar lá no fundo do bairro, na rua principal... entrava em casa e dizia aos meus pais. Vi O Fernando Eurico, um dia quero ser como ele!!! O que sentes por saberes ser um exemplo na vida de pessoas, como eu?
Orgulho e satisfação. Mais do que fazer ou ter feito isto ou aquilo isso, é para mim o maior reconhecimento. Alguém se rever em nós, seguir as pisadas. Significa que o nosso percurso não foi assim tão mau... que demos algo a outros que servimos de inspiração...
Fico derretido quando alguns ouvintes invisuais me dizem que só eu os consigo pôr a ver um jogo ou, alguém da longinqua Moçambique dizer que cresceu a ouvir as minhas expressões e quis tanto que sobreviveu a uma guerra civil para ser jornalista e já o é ,ou aquela miúda que me entrevista agora e sei absorvia todas as dicas e conselhos, num estágio, na velhinha Cândido dos Reis.
Tantos relatos já foram guiados pelo a tua voz, tens noção de quantos fizeste?
Sinceramente não. Ainda tentei contabilizar mas depois dos 1500 desisti... (risos) São muitos, mesmo muitos...
O entrevistado mais interessante até hoje foi...
Curiosamente um jornalista espanhol, José Maria Garcia, que era o nº 1 em Espanha. Perguntei-lhe o que devia fazer para ser como ele, em Portugal. Respondeu-me que devia trabalhar mais, 3 horas por dia, que os outros jornalistas. Assim tenho feito e não me tenho dado mal embora, não seja nº 1 como ele...
O jogo de futebol mais arrepiante que fiz...
FC Porto - Once Caldas na última final Intercontinental em Tóquio. 15 dias depois da morte da minha mãe. Quando reparei no olhar do Pedro Emanuel antes de partir para o penalty decisivo só via a minha mãe à frente...
O jogador que mais entrevistei até hoje...
Agora já ninguém dá entrevistas (Risos) mas do que me recordo, talvez o Jardel...
O mundial de futebol que mais te marcou?
Alemanha 2006, com o quarto lugar de Portugal.
Os jogos olímpicos são cansativos para se poder desempenhar um bom trabalho, mas tu consegues de uma maneira soberba.....
São dos melhores momentos profissionais... No topo o facto de ter sido o primeiro a entrevistar a Fernanda Ribeiro, em Atlanta 96, empoleirado numa divisória metálica e com um telemóvel num estádio com 100 mil pessoas e de ter feito o relato da medalha de bronze do Nuno Delgado, Sidnei 2000 e que deixei o pai do atleta em lágrimas porque a TV não transmitiu e ele não fazia ideia que se podia relatar Judo.
Até os jogos para-olímpicos já tiveram a tua assinatura, enquanto repórter. lembro dizeres que te deu muita satisfação...
Sim. Foi um mundial de Boccia na Póvoa de Varzim. Descobri que apesar de diminuidos que dentro da limitação fisica e intelectual há atletas e seres humanos maravilhosos.
O teu amor pelo Arsenal, nasce no terraço da tua casa, há muitos anos. És do tempo de colecionar os cromos da bola.... algum dia imaginaste que poderias ver o Arsenal, no seu estádio, e no seu País?
Sempre. Porque cedo me desiludi com a forma como se sente e vive o futebol em Portugal .Por isso desde puto decorava tudo para ficar com o dinheiro das fotocópias e comprar revistas de futebol onde apanhava alguma informação sobre o Arsenal. Mais tarde, tornei-me sócio, estou a pouco mais de 200 lugares para me tornar gold member e dia 11 de Fevereiro quando farei 50 anos a minha prenda é passar o dia lá, culminando depois com o Arsenal - Leicester, nas bancadas.
Outro dos teus amores é a nossa cidade. Tens noção que um dia os reguenses esperam que te candidates a presidência da camara (risos)...
Não sei se é assim. Já tive essa ideia porque gostava de ajudar a nossa cidade e as pessoas de lá mas a politica não me seduz porque Portugal perdeu ideais, vive de clientelas e de claras em castelo. O fermento esse nunca é colocado em primeiro lugar. Daí a desilusão.
Preferiria ser pró-bono acessor de imprensa do SC Régua.
O que queres ainda fazer depois da rádio, da tv e de um livro que ainda guardas na gaveta?
Acabar o livro e publicá-lo.... (risos) e depois viver, cuidar melhor dos meus, conhecer mais mundo , começar a fazer a minha Bucket List.
Um dia pensas voltar à nossa Santa terrinha?
Sempre que possivel, pela paz, pelas pessoas, pelos cheiros e cores, pelos sabores e pelo magnetismo. Já fiz esses planos confesso mas o tempo diz-nos que não os devemos fazer. O que será, será !
Que musica poderíamos ouvir, enquanto respondes às minhas perguntas?
Virginia Astley em Some Small Hope nas perguntas existênciais (risos) e Dreadzone, em Biological Radio, nas profissionais.
P.s
muito grata, por todos os ensinamentos, e por me mostrares a importância de ser sempre fiel aos meus princípios. És grande!
Grita que é goooooolo,
Fernando Eurico!
Por: Andreia Carneiro
Um menino, de nome Fernando, nasceu há alguns anos, na cidade de Peso da Régua! Cresce e descobre que o seu grande herói guardava as redes de uma baliza, no clube da terra.... e com que classe!
Alguma vez quiseste ser como o teu pai?
Quis ser muito como o meu pai. Uma das imagens que guardo, para sempre, foi na despedida dele num SC Régua- SC Vila Real. Eu com 5 anos todo equipado à guarda redes, como se ali estivesse a sucessão. Mas, poucos anos depois percebi, que não prestava para nada na bola e preferi os estudos.
Na nossa pequena cidade, mais precisamente, no parque, tão perto do nosso bairro... Tu e muitos outros miúdos jogavam à bola. Grandes momentos que marcaram a vossa vida.
Ainda te lembras de alguns nomes com quem jogavas, naquela altura?
Rui Ferreira, Faustino, Camilo, Miguel, Toni, Chalana, Eduardo, João, Arnaldo, Zé João,Sr. Carlos, Ricardo Montezinho, Santiago, Abilio Rualde, Nelo, Quinzinho, Zé Alexandre, Jorge...
O futebol estava na tua vida, mas foi na rádio que começaste a sonhar! Todos ainda recordam as tuas pequenas histórias contadas em reportagem. Incluindo, a de uma senhora que celebrava os seus 100 anos. Nunca mais ninguém se esqueceu deste teu trabalho, recorda-nos!
Foi um trabalho de reportagem que não se ouvia muito, porque a aniversariante para lá da marca dos 100 anos era um espectáculo. Falava ainda bem e tinha histórias deliciosas para contar... Como quando costurou para alguém próximo da última familia real.
Mas, adorei passar um final de ano no hospital de Lamego para ver um nascimento e passar dias a fio não pelo acontecimento mas porque o País precisava de saber o que se passava com as cheias do Douro.
Na nossa cidade, na nossa terra, no nosso Bairro as crianças são educadas com princípios, o que trazes ainda desses tempos contigo. Da educação de um pai herói e de uma mãe guerreira? Eu saberia dizê-lo..
Sim o Bairro do Socorro é um pouco o espelho das comunidades pequenas onde ainda existem valores e alguma proximidade entre as pessoas mas, também existe o lado inverso da inveja fácil e da intriga. Mas, entre tudo... esse Bairro, o nosso Bairro morará cá dentro para sempre porque aí fui muito feliz , onde convivi , pouco, mas convivi com o meu pai e descobri a fantástica Senhora que foi a minha mãe !
Rádio Alto Douro foi o local onde descobriste a tua grande e verdadeira Paixão?
RAD. Deu-me oportunidade e fez atear em mim algo que já cá morava porque sempre adorei rádio mas não sabia o fogo que, ainda agora, não pára de brotar. Devo-o ao António Manuel que me convidou para ajudar num programa sobre Natureza...o Terra Mãe e ao Augusto Macedo que rapidamente percebeu que tinha condições para me profissionalizar e apostou.
Como dás o salto para a RDP, Antena 1?
Dois anos e pouco depois de ter começado tive que fazer um pedaço de relato do SC Vila Real - FC Porto da Taça de Portugal. O Oscar Coelho ouviu, gostou e um dia disse-me se não gostava de dar o salto. Nessa altura estava recém casado, a conjuge também era radialista e tudo se conjugou... Ela foi para a Rádio Nova e eu para a Antena 1.
Ficava à minha porta enquanto miúda, a ver-te passar lá no fundo do bairro, na rua principal... entrava em casa e dizia aos meus pais. Vi O Fernando Eurico, um dia quero ser como ele!!! O que sentes por saberes ser um exemplo na vida de pessoas, como eu?
Orgulho e satisfação. Mais do que fazer ou ter feito isto ou aquilo isso, é para mim o maior reconhecimento. Alguém se rever em nós, seguir as pisadas. Significa que o nosso percurso não foi assim tão mau... que demos algo a outros que servimos de inspiração...
Tantos relatos já foram guiados pelo a tua voz, tens noção de quantos fizeste?
Sinceramente não. Ainda tentei contabilizar mas depois dos 1500 desisti... (risos) São muitos, mesmo muitos...
O entrevistado mais interessante até hoje foi...
Curiosamente um jornalista espanhol, José Maria Garcia, que era o nº 1 em Espanha. Perguntei-lhe o que devia fazer para ser como ele, em Portugal. Respondeu-me que devia trabalhar mais, 3 horas por dia, que os outros jornalistas. Assim tenho feito e não me tenho dado mal embora, não seja nº 1 como ele...
O jogo de futebol mais arrepiante que fiz...
FC Porto - Once Caldas na última final Intercontinental em Tóquio. 15 dias depois da morte da minha mãe. Quando reparei no olhar do Pedro Emanuel antes de partir para o penalty decisivo só via a minha mãe à frente...
O jogador que mais entrevistei até hoje...
Agora já ninguém dá entrevistas (Risos) mas do que me recordo, talvez o Jardel...
O mundial de futebol que mais te marcou?
Alemanha 2006, com o quarto lugar de Portugal.
Os jogos olímpicos são cansativos para se poder desempenhar um bom trabalho, mas tu consegues de uma maneira soberba.....
São dos melhores momentos profissionais... No topo o facto de ter sido o primeiro a entrevistar a Fernanda Ribeiro, em Atlanta 96, empoleirado numa divisória metálica e com um telemóvel num estádio com 100 mil pessoas e de ter feito o relato da medalha de bronze do Nuno Delgado, Sidnei 2000 e que deixei o pai do atleta em lágrimas porque a TV não transmitiu e ele não fazia ideia que se podia relatar Judo.
Até os jogos para-olímpicos já tiveram a tua assinatura, enquanto repórter. lembro dizeres que te deu muita satisfação...
Sim. Foi um mundial de Boccia na Póvoa de Varzim. Descobri que apesar de diminuidos que dentro da limitação fisica e intelectual há atletas e seres humanos maravilhosos.
O teu amor pelo Arsenal, nasce no terraço da tua casa, há muitos anos. És do tempo de colecionar os cromos da bola.... algum dia imaginaste que poderias ver o Arsenal, no seu estádio, e no seu País?
Sempre. Porque cedo me desiludi com a forma como se sente e vive o futebol em Portugal .Por isso desde puto decorava tudo para ficar com o dinheiro das fotocópias e comprar revistas de futebol onde apanhava alguma informação sobre o Arsenal. Mais tarde, tornei-me sócio, estou a pouco mais de 200 lugares para me tornar gold member e dia 11 de Fevereiro quando farei 50 anos a minha prenda é passar o dia lá, culminando depois com o Arsenal - Leicester, nas bancadas.
Outro dos teus amores é a nossa cidade. Tens noção que um dia os reguenses esperam que te candidates a presidência da camara (risos)...
Não sei se é assim. Já tive essa ideia porque gostava de ajudar a nossa cidade e as pessoas de lá mas a politica não me seduz porque Portugal perdeu ideais, vive de clientelas e de claras em castelo. O fermento esse nunca é colocado em primeiro lugar. Daí a desilusão.
Preferiria ser pró-bono acessor de imprensa do SC Régua.
O que queres ainda fazer depois da rádio, da tv e de um livro que ainda guardas na gaveta?
Acabar o livro e publicá-lo.... (risos) e depois viver, cuidar melhor dos meus, conhecer mais mundo , começar a fazer a minha Bucket List.
Um dia pensas voltar à nossa Santa terrinha?
Sempre que possivel, pela paz, pelas pessoas, pelos cheiros e cores, pelos sabores e pelo magnetismo. Já fiz esses planos confesso mas o tempo diz-nos que não os devemos fazer. O que será, será !
Que musica poderíamos ouvir, enquanto respondes às minhas perguntas?
Virginia Astley em Some Small Hope nas perguntas existênciais (risos) e Dreadzone, em Biological Radio, nas profissionais.
P.s
muito grata, por todos os ensinamentos, e por me mostrares a importância de ser sempre fiel aos meus princípios. És grande!
Fantástico. A irmã ainda foi minha explicadora.
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