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"SONATA EM AUSCHWITZ" está quase a chegar a PORTUGAL

Á conversa com... Luize Valente

por: Andreia Carneiro




Após o sucesso do lançamento do livro, no Rio de Janeiro e em São Paulo, que eu acompanhei pelas redes sociais. Eu gostaria que a Luize me contasse como sentiu todo este movimento, à volta de um livro tão intenso e profundo, como esta "SONATA EM AUSCHWITZ"?

Muito impactada e agradecida pela receptividade do leitor. Este livro fala de um período da História que não podemos jamais esquecer. E é muito gratificante perceber que as pessoas estão se emocionando e curiosas sobre os acontecimentos narrados nele.


Amália é o personagem que dá vida a esta história. Quem é esta mulher?

Amália é uma jovem portuguesa, advogada, ativista na luta pelos direitos humanos como seus pais. Foi criada num lar onde a justiça e a defesa dos menos favorecidos impera. Até o dia em que ela descobre, por obra do acaso, que seu pai é filho de um oficial nazista supostamente morto durante a guerra. É um baque para Amália. Ao invés de enfrentar o pai, ela vai atrás de seu passado. O ponto de partida é justamente uma partitura, a partitura de uma sonata composta por seu avô Friedrich para uma mulher de nome Haya. Amália precisa encontrar Haya para, a partir daí, desenrolar o novelo de sua própria história.


Todos os caminhos trilhados na história, foram também feitos por si, enquanto autora. De que forma isso pode ter contribuído, para o enriquecimento da obra?



Acho que isso é um dos diferenciais dos meus livros. E uma herança da minha experiência como jornalista. Mesmo que o tempo que eu retrato esteja no passado, há décadas de hoje, eu sinto que refazer os caminhos traz mais vida e veracidade à trama. Eu me imagino como os personagens, e procuro trazer as reações cotidianas para a narrativa. Passeio pelas cidades, pelas locações do livro, refaço os percursos que os personagens fariam. Para este livro, fiquei três dias na cidade vizinha ao campo de concentração de Auschwitz. Foi muito duro mas fundamental. Todo mundo deveria visitar Auschwitz uma vez na vida.



Este tema é difícil de tratar pela carga emocional, no entanto você conta a verdade dos factos. Embora seja um romance, a história real nunca é floreada. Até porque voce fez uma exaustiva investigação da época e dos acontecimentos. Correcto?

Sim, totalmente correcto. O que procuro é criar primeiro o pano de fundo histórico, com dados e fatos reais, checados com rigor. Também converso com pessoas que viveram a época e seus descendentes, leio diários e entrevistas, vou atrás de documentos. A ideia do livro partiu de uma história que me tocou demais. Conheci uma sobrevivente do Holocausto, no Rio de Janeiro, onde vivo. Maria Yefremov tinha 100 anos na época, hoje tem 103. Ela esteve em Auschwitz em 1944. Chegou grávida, passou pela seleção do doutor Mengele, e teve o bebê num barracão imundo. Só teve tempo de ver quer era uma menina antes que a criança fosse levada pelos guardas. Maria nunca soube o que aconteceu com sua filha. A partir deste fato criei minha história, onde um bebê é salvo por um oficial nazista. Criei a personagem Adele e sua família, judeus alemães. Procurei as referências sobre os trens que seguiram para Auschwitz – dias e trajetos – , as ordens no gueto, as proibições impostas ao judeus, etc. A partir da realidade da época, inseri meus personagens para criar verosimilhança interna na trama. Ou seja, os personagens se inserem na História e não o contrário. Por isso costumo dizer, não são reais mais são baseados em fatos e pessoas muito reais.









Uma partitura é um ponto de partida, na minha opinião, fascinante para contar a história. Como encontra esta ideia?
Para mim, a música é redentora. O personagem chave da trama, o jovem oficial alemão Friedrich Schmidt, salva da morte um bebê judeu nascido em Auschwitz. Esse ato é transformador para ele, mudando não só o rumo de sua história como sua forma de ver e sentir aquele momento sombrio.
É daí que nasce a inspiração de Friedrich, que há muito havia abandonado o piano pelas armas. Nasce da promessa de vida daquela criança. Algo que o reconecta com a humanidade, com o amor. De fato, uma sonata foi composta, pelo meu sobrinho Antonio Simão, um jovem maestro de 24 anos, mesma idade do Friedrich, que mergulhou na ficção emprestando toda sua paixão ao personagem. A partitura e a gravação estarão em breve à disposição no site www.luizevalente.com

O que têm dito os seus leitores?

O livro está sendo muito bem recebido pelos leitores brasileiros. Recebo mensagens muito emocionadas. Na primeira semana de lançamento ficou entre os quinze livros mais vendidos no Brasil, na área de ficção geral ( nacional e estrangeira) , de duas conceituadas listas: a da revista Veja e da Publishnews. Foi o quinto lugar em ficção nacional.

Brevemente, também teremos o livro em Portugal. Já temos datas previstas?

Sim! O livro está em fase final de produção. A previsão de lançamento é na primeira quinzena de janeiro. Eu sigo para Portugal no dia 15 de dezembro. Estarei lá, em Lisboa, aguardando com muita ansiedade a reação do leitor português!

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