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Texto: Andreia Carneiro

Na minha língua soaria assim:
Não se recusa o fascínio que sentimos por alguém…
Largo uma gargalhada e dou mais um passo… Ups!!! Fiquei com o sapato desmembrado, o salto partiu, após ficar preso, neste chão descompensado! Só a lua brilha de forma intensa… Paro e penso, que já é tarde… mas continuo feliz, por te saber meu, de alguma forma...
A lâmpada, lá em cima, parece encolher o sorriso que esvai de mim, mas não me foge… Sou tua menina, e isso nunca vai mudar!
Segurei-me nos teus olhos intensos de admiração do meu ser, e retiro com a mão esquerda o sapato de verniz, que teve a infeliz ideia de me fazer desviar o pensamento de ti, por breves instantes! Mas consigo recuperar-te num ápice, pois o teu sorriso não me sai da cabeça.
O ar está gelado, o meu vestido vermelho, com um ligeiro bordado no fundo, pede-me, agoniado, para correr para  o recolher obrigatório, mas foge de mim, a vontade de desviar-me de ti, mesmo que apenas, no meu pensamento...
O teu perfume que se tem esquecido de amanhecer, surgiu agora… Sinto-o de forma intensa, olho para todos os lados mas não há ninguém por aqui. Agarro os sapatos, o útil e o inútil, aliás agora são os dois desprezíveis… e com os pés bem assentes no chão sigo a poeira de diamante, que me faz lembrar-te, por estes socalcos... E que me levaram tantas vezes até a porta do teu escritório, sempre com desculpas para poder ver-te, ouvir-te e admirar-te e sentir-te, não através do corpo, mas sim da poderosa alma. Porque as nossas desde que se cruzaram, não se desviaram de um tranquilo momento de união e de absorção. Mas, o que queriam as nossas almas, afinal, uma da outra? Talvez um dia saberemos responder. Sede de nós existia, mas de tal modo forte que nem o corpo prejudicava.
  Teus olhos claros, servem-me de guião e o teu abraço de algo que desejaria eterno.
As palavras macias que encontro pelo caminho, são degustadas pelos meus ouvidos de forma intensa e única e sem parar, descalça, sigo-te, nas ondas da radio...
Surge em mim, um arrepio, um bater intenso no peito e um sorriso parvo de adolescência, quando sei que a musica que me toca e que vem de algum lugar, pertence a ti, a mim, e a nos... nos momentos em que nos permitimos.
Nem a tua viagem a outro continente desviou a tua vontade de me respirares.  O telefone lança o teu charme noite apos noite e enquanto soavas o calor de Africa eu respirava-te e sentia-te quente nos meus sonhos e desejos.
Faço em poucos segundos, uma leitura deste enigma… A poeira de diamante, trazida pelo vento,  as batidas de uma música que reconheço, um perfume familiar que vive em mim, o peito que salta a cada milésimo de segundo… Todas estas premissas me desviam do correto e o desejo de ser amante passa a ser a causa justa da minha vontade de te beber, culturalmente, individualmente e intensamente!
O facto de te saber, justo, charmoso, intenso e diferente aumenta o meu desejo de te dizer que da minha garganta se apodera a vontade de te gritar, larga tudo e fica comigo, só  uma noite. Intimida-me a forma de crescer a teu lado, e querer ser mais mulher do que aquilo que sou, mas arde em mim a vontade de te trazer, de corpo e alma.
Como não te pertenço, não te vejo, nem te envergonho, grito por ti, nesta rua suja e velha. Hoje és só para mim… Gritei bem alto! Aceitas?
Lanço um sorriso, a mim própria, passo as mãos nos meus lábios e perco-me sabendo-me ingénua . Danço sem parar… e penso... que te poderei oferecer? Pois, nunca estou perto de saber o que tu sabes... mas anseio por sentir a batida do teu coração... que gosto tanto!
O ar empurra-me até ao meu carro, onde seguro o meu vestido roçando-o nas minhas pernas, com a intensidade do desejo de te deitar na minha cama, e saciar-te, tanto… Até amanhecer! E o pequeno-almoço, nascer aos nossos olhos.
Os teus olhos de mar transatlântico olhavam-me e admiravam o meu corpo de menina-mulher, e eu vi nos teus braços o amor que trazias agarrado ao teu coração, há algum tempo.... E queria subir os degraus que te elevam aos meus olhos, e dizer-te ama-me, aqui, agora, neste chão, sujo e nosso. Mas, nem tratar-te por Tu, consigo. Mesmo te sabendo um amor fora da lei!
Corta-destino, a corda permanece, embora, invisível. Bastando-lhe o alimento da ternura e, assim, perdura e respira.

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